A doação de órgãos é o processo pelo qual uma pessoa doa um de seus órgãos (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim) ou tecido (medula óssea, ossos, córneas) para uma pessoa doente. [1] A doação de órgãos pode tanto ser feita por uma pessoa viva quanto após a pessoa falecer.
Por exemplo, é possível fazer doação de medula óssea ainda em vida, e para se declarar doador de medula o mais comum é informar na hora da doação de sangue. Por outro lado, órgãos como um coração, só são doados após o doador falecer e, ainda assim, em condições bastante específicas. Para entender um pouco mais sobre alguns aspectos da doação de órgãos neste artigo ela será abordada a partir de três panoramas: (1) aspectos biológicos; (2) doação de órgãos no Brasil; e, (3) entraves para a doação de órgãos.
Aspectos Biológicos
A doação de órgãos envolve diversos aspectos biológicos, como, por exemplo, nem todo órgão pode ser doado com a pessoa viva. Os órgãos e tecidos que podem ser obtidos de uma pessoa viva são: rim, medula óssea e pedaço do fígado ou pulmão.
Para haver a doação de órgãos de uma pessoa que morreu é preciso seguir alguns procedimentos. O primeiro deles, é entender se a pessoa é uma potencial doadora: vítima de acidente com traumatismo derrame cerebral (AVC), confirmação da morte encefálica e possui autorização da família. Considerando este panorama o primeiro passo é manter o funcionamento dos órgãos de modo artificial.
Após isso, segue-se uma sequência de procedimentos:
- Testes de compatibilidade: são feitos diversos testes entre o doador e os possíveis receptores, de acordo com a ordem na lista de espera.
- Definição do receptor: no caso de diversos receptores compatíveis com o órgão são respeitados alguns critérios, como urgência e tempo de espera.
- Comunicação com os hospitais: após definir os receptores para cada um dos órgãos de uma pessoa recém falecida os hospitais e equipes responsáveis pelo transplante são acionados.
- Preparação para o transplante: meio de transporte, cirurgiões e equipe multidisciplinar são preparados para realizar a cirurgia.
- Transplante: finalmente, após tudo preparado, o transplante é realizado.[2]
Porém, é importante ressaltar que, normalmente, essas cirurgias são complexas e envolvem muitos riscos. Há, inclusive, risco de rejeição do órgão, que ocorre quando o sistema imunológico do receptor ataca o do órgão ou tecido transplantado. [3]
Doação de órgãos no Brasil
Apesar de, normalmente, entendermos o Brasil enquanto um país subdesenvolvido e condições precárias hoje o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro é referência no que diz respeito à doação de órgãos.
De acordo com o Ministério da Saúde, o país possui o maior sistema público de transplantes do mundo, afinal 96% de todos os procedimentos são custeados pelo SUS. Ademais, em números absolutos, o Brasil só realiza menos transplantes que os Estados Unidos. Além disso, pacientes que receberam transplantes recebem ainda assistência integral e gratuita, a qual inclui exames, cirurgia, acompanhamento e medicamentos.
Porém, ao ler tudo isso, talvez você se pergunte: mas como eu faço caso eu queira ser um doador de órgãos no Brasil? A legislação brasileira não assegura integral vontade do doador no caso de uma pessoa falecida, nesse caso, quem define se haverá, ou não, a doação do órgão é a família. Por esse motivo, um dos passo mais importantes para a doação de órgãos é dialogar com seus familiares e deixar claro que este é o seu desejo. [1]
Entraves para a doação de órgãos
Mas o que leva uma família a não autorizar a doação de órgãos? Quais são os principais entraves que impedem esse tipo de atitude? Alguns dos pontos que podem pesar nessa decisão são os seguintes:
Morte Cerebral
A morte cerebral ou encefálica é a definição legal de morte. Ela é a completa – e irreversível – parada de todas as funções do cérebro. Nesse estágio, muitas vezes, os órgãos ainda estão funcionando ligados a aparelhos e, por esse motivo, a sua doação é possível. [4] Entretanto, muitas vezes os familiares, em um momento extremamente delicado, são surpreendidos com a notícia de “morte cerebral”, e, sabendo que outros órgãos ainda funcionam ficam na esperança de o parente retornar. Porém, conforme citado, o processo de morte cerebral é irreversível e, se a doação não for autorizada nesse momento, em poucas horas os órgãos deixarão de funcionar e não mais servirão para serem doados.
Deformação de cadáver
Outro ponto que impede algumas famílias de autorizarem a doação dos órgãos e a deformação do cadáver. Mas, é importante ressaltar que isso não ocorre. Afinal, os hospitais quando são autorizados a retirar um órgão possuem também a obrigação de recuperar a aparência do doador. [5]
Tráfico de órgãos
Um dos grandes problemas do Brasil e do mundo quando se aborda a temática do transplantes de órgãos é o tráfico dos mesmos. Afinal, é um mercado muito lucrativo em todo o mundo. Fatores como: escassez de órgãos; falta de investimentos em estrutura hospitalar e logística; e, ainda, profissionais que, muitas vezes, não seguem uma ética de trabalho fazem com que as filas para transplantes sejam enormes. E, tudo isso, ajuda a fomentar o tráfico de órgãos, que, por outro lado, é um mercado tentador para pessoas que buscam vantagens financeiras.
Desse modo, o transplante e a doação de órgãos são temas que merecem não somente mais discussão e informação. Mas, ainda, um maior envolvimento dos governos de todo o mundo a fim de assegurar que mais pessoas poderão ser beneficiadas pelas doações, isso, é claro, sem precisar recorrer a nenhum meio ilegal.
Citações
Uma coisa que aprendi ao longo de minha vida: a nossa ciência, comparada à realidade, é primitiva e infantil – e, mesmo assim, é a coisa mais preciosa que temos
Albert Einstein, físico alemão | Do livro: Albert Einstein: criador e rebelde, de 1972. Verificado através do site Época Negócios.
Fontes
[1] Doação de Órgãos: transplantes, lista de espera e como ser doador | Ministério da Saúde
[2] Doação de Órgãos | Hospital Albert Einstein
[3] Rejeição de Transplante | Wikipédia
[4] Morte Encefálica | Biblioteca Virtual em saúde
[5] Tráfico de órgãos, morte cerebral e outros receios | CNJ