O que é a inflação?

Quando Marco Polo visitou a China há centenas de anos atrás ele viu uma lista interminável de maravilhas que não existiam no ocidente, e, entre eles, o chamado “dinheiro de papel”. A moeda não possuía lastro em metal valioso, sendo fiduciária, assim como as moedas modernas. Claro que ele, como um mero visitante, ele não foi capaz de ver as consequências negativas do uso da moeda fiduciária, entre eles, a inflação (um problema parecido com o causado pelo Império Romano ao reduzir a quantidade de prata nas moedas para deixar o pagamento de dívidas do Império com certa folga). Mas o que é a inflação?

Imagine a seguinte situação: você está em uma ilha isolada onde a moeda usada pelos nativos é dentes de tartaruga. Existe um número limite de dentes de tartaruga que são encontrados por ano, e a criação de produtos que as pessoas queiram segue mais ou menos no mesmo volume, ou seja, se um peixe vale um dente de tartaruga, amanhã ele continuará a valer um dente. Mas aí você encontra um “cemitério de tartarugas”, consegue uma quantidade de dentes de tartaruga maior de dentes que todas as outras pessoas da ilha e começa a comprar um monte de coisas. Em pouco tempo, o peixe vai subir de valor, porque, como tem mais dentes no mercado, o seu valor diminuiu (lei da oferta e demanda). Essa desvalorização do dente de tartaruga é a inflação que acontece com nossa moeda e com todas as outras moedas fiat.

Claro que existem medidas que possibilitam ou dificultam a existência e o volume da inflação existente. Após a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, houve o acordo de Bretton Woods, que era uma série de acordos entre 45 países, entre eles, os USA. Entre algumas das medidas tomadas estava a estabilização do dólar como moeda mundial (e as moedas dos outros 44 signatários usando ele como medida de valor), e o dólar possuindo lastro em ouro (o que permitiria que o portador do dólar trocasse seu dinheiro pelo equivalente em ouro diretamente. Essa medida impedia os governos de abusarem do chamado “Efeito Cantillon”, onde o Governo produz uma quantidade maior de moeda do que precisa, e, como ele a tem antes de sua desvalorização, consegue pagar suas contas antes daquele dinheiro chegar às mãos do povo.

No entanto, o acordo de Bretton Woods foi abandonado pelos USA na década de 70, onde o país desvinculou o preço do ouro de sua moeda. Apesar de se tornarem vulneráveis à inflação, os USA conseguiram manter o preço do dólar razoavelmente estável graças ao chamado “petrodólar”, que foi a determinação de se utilizar o dólar internacionalmente para precificar o petróleo, e, como havia muita demanda por petróleo (e, consequentemente, por dólar), o preço se manteve mesmo com o aumento da oferta.

Enquanto isso, no Brasil, tivemos períodos de hiperinflação, quando o Governo injetava dinheiro artificialmente na economia, tanto para equilibrar suas contas quanto para estimular o desenvolvimento econômico. Com o aumento da oferta perante a mesma demanda, as moedas brasileiras desvalorizaram.